19.09.2012 - Quarta-feira - De Coroico a Moquegua - 524 Km
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De Coroico (Bolívia) a Moquegua (Perú) - 524 Km |
Já estávamos
preparados para não tomar café da manhã, pois o hotel só servia o “desayuno” a
partir das 8 horas da manhã, mas aceitaram servir mais cedo aquele dia.
Precisávamos sair cedo pois não sabíamos o tempo que levaríamos pra passar pela
Estrada da Morte, isso se conseguíssemos sobreviver...kkkkkk. Também queríamos
evitar o encontro com as bikes dos malucos que descem a estrada em busca de
adrenalina. Eles iniciam o trajeto lá pelas 10 horas da manhã, organizada por
empresas de turismo de aventura. Dizem que de vez em quando alguma bike rola
precipício abaixo, terminando ali mesmo a aventura. Faríamos o trajeto subindo
em direção a La Paz.
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Saída do Hotel em Coroico |
Tudo pronto, seguimos em frente rumo ao nosso destino. Já
no começo da estrada um aviso para que os veículos seguissem por “mão inglesa”,
ou seja, quem subia a estrada tinha a preferência de ficar do lado do paredão,
e quem estivesse descendo ficaria do lado do abismo... A estrada é toda de
cascalho, feita a partir de cortes nos morros, sendo que muitos lugares foi
necessário cortar grandes rochas. A estrada foi construída em 1930 por
prisioneiros paraguaios durante a Guerra do Chaco. Iríamos subir 3.350 metros
em altitude, por 64 Km de estrada. Ainda bem que já estávamos condicionados à
altitude, depois de alguns dias de viagem nestas condições.
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La Carretera de La Muerte - La Paz --> Coroico (Bolívia) |
Começamos a
subir e a expectativa de perigo foi diminuindo à medida que avançávamos. Bom, a
estrada é realmente perigosa, mas se você estiver de carro, ônibus,
caminhão..., mas de moto ou de bicicleta é perigoso somente se você se meter a
andar próximo do precipício, senão é como uma estrada qualquer. Para nós que
somos trilheiros, e dos antigos, já passamos perigos maiores nas trilhas do que
nesta estrada.
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E viva "nóis" ! |
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Descansando um pouco |
Mas como a estrada na sua maior parte possui uns 4-5 metros de
largura entre o paredão e o precipício, então se viajar de ônibus ou caminhão,
aí o bicho pega, ainda mais se estiver chovendo e cruzar com outro veículo.
Nestas situações é que ocorriam a maioria dos acidentes. E não tinha como
evitar, pois na época era a única estrada que tinha se quisesse ir de La Paz a
Coroico. Não sei se faziam algum tipo de revezamento do tipo “de manhã só sobe
na estrada e de tarde só desce...”, mas a verdade é que morria muita gente por
lá, como podemos ver em alguns vídeos:
Buscando um pouco de aventura pela Estada da Morte...
Pelo trajeto
há alguns espaços maiores para os veículos poderem se cruzar, senão seria
impossível o tráfego. Mas a questão é que quem está descendo é que tem que
ficar com lado “de fora”.
Se pudesse
voltaria para lá para fazer o trajeto a pé (descendo, é claro), pois acho que
seria mais interessante. Aí realmente daria para apreciar cada trecho da
estrada em seus detalhes.
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Quase no fim |
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Nico... cadê você, Nico ? |
Chegamos no
topo e já encontramos uma turma de ciclistas que iam descer a estrada. Voltamos
a La Paz pela estrada nova, de asfalto.
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No fim da subida (ou início da descida) |
Atravessamos novamente a cidade a
caminho de Desaguadero, torcendo para não faltar gasolina. Mas aí..., a uns 40
Km para chegar à fronteira, o Nico..., aliás, o pneu da moto do Nico, resolveu
engolir um prego boliviano de 5 cm de comprimento. E aí ele foi "pro
inferno pela 4º vez"... Se não fosse a altitude seria um inferno mesmo, pois
estava um sol de rachar, mas o ar estava frio. Num momento de
"viagem", no sentido figurado da palavra mesmo, ainda pensei em parar numa
sombra para arrumar a moto, para se proteger do sol. Mas que sombra ? Nem
árvore existe por lá. Um clima e paisagem de deserto reinava naquele local.
Novamente usamos o spray para reparar câmeras, mas adivinha se funcionou ?
Borracharia naquele deserto nem pensar. Então aproveitamos que o pneu estava
ainda quente e trocamos lá mesmo a câmara do pneu por outra nova.
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Trocando a câmera |
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Moto do Nico aguardando o conserto do pneu |
Mas faltava o
principal: encher o pneu. Devíamos ter guardado o spray e usar ele para encher
o pneu, que deve ser só para isso que serve. Então o Jackson e o Nico foram
procurar alguém com um compressor, pois havia uma vila ali perto. Uns 20
minutos depois voltaram com o pneu cheio e um sorriso no rosto. Aliás, nesta
viagem sempre convivemos muito bem com os problemas que apareceram, sempre
mantendo o bom humor, o que é essencial numa viagem em grupo. Montamos a roda
na moto e seguimos em frente. Hah, Bolívia, tinha que nos aprontar mais esta ?
Ah, mas tinha mais por vir. Um pouco antes de chegar à fronteira fomos parados em uma barreira policial. Entramos todos em uma sala onde tinha um policial numa mesa com um livro na mão. Simplesmente pediu os documentos de cada um, escreveu os dados no livro, carimbou nossos papéis de permanência na Bolívia, e... nos pediu $10 Bolivianos para cada um, de "propina" (como eles chamam a "gorjeta" deles). Bom, como $10 Bolivianos equivalem e uns R$ 1,50 reais, pagamos e fomos embora. Tchau Bolívia...
Chegando na
fronteira da Bolívia com o Perú, em Desaguadero, novamente aquela burocracia. Fomos
abastecer no lado do Perú, em Desaguadero mesmo. Como não pretendíamos dormir
novamente naquela cidade, óbvio, seguimos em frente para rodar o que pudéssemos até
escurecer. Seguimos em direção a Tacna, ainda no Perú. Passamos novamente pela
cordilheira, chegando a 4.300 metros de altitude, onde passamos muito frio. Conseguimos chegar até a
cidade de Moquegua, depois de 524 Km desde Coroico, enfrentando a Estrada da Morte, o trânsito de la Paz, 01 pneu
furado, o frio da cordilheira e uma fronteira Bolívia/Perú. Estava bom para aquele dia e dormimos lá.
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