quarta-feira, 24 de outubro de 2012

13º dia - Coroico --> Moquegua

19.09.2012 - Quarta-feira - De Coroico a Moquegua - 524 Km


De Coroico (Bolívia) a Moquegua (Perú) - 524 Km
Já estávamos preparados para não tomar café da manhã, pois o hotel só servia o “desayuno” a partir das 8 horas da manhã, mas aceitaram servir mais cedo aquele dia. Precisávamos sair cedo pois não sabíamos o tempo que levaríamos pra passar pela Estrada da Morte, isso se conseguíssemos sobreviver...kkkkkk. Também queríamos evitar o encontro com as bikes dos malucos que descem a estrada em busca de adrenalina. Eles iniciam o trajeto lá pelas 10 horas da manhã, organizada por empresas de turismo de aventura. Dizem que de vez em quando alguma bike rola precipício abaixo, terminando ali mesmo a aventura. Faríamos o trajeto subindo em direção a La Paz. 


Saída do Hotel em Coroico
Tudo pronto, seguimos em frente rumo ao nosso destino. Já no começo da estrada um aviso para que os veículos seguissem por “mão inglesa”, ou seja, quem subia a estrada tinha a preferência de ficar do lado do paredão, e quem estivesse descendo ficaria do lado do abismo... A estrada é toda de cascalho, feita a partir de cortes nos morros, sendo que muitos lugares foi necessário cortar grandes rochas. A estrada foi construída em 1930 por prisioneiros paraguaios durante a Guerra do Chaco. Iríamos subir 3.350 metros em altitude, por 64 Km de estrada. Ainda bem que já estávamos condicionados à altitude, depois de alguns dias de viagem nestas condições.


La Carretera de La Muerte - La Paz --> Coroico (Bolívia)
Começamos a subir e a expectativa de perigo foi diminuindo à medida que avançávamos. Bom, a estrada é realmente perigosa, mas se você estiver de carro, ônibus, caminhão..., mas de moto ou de bicicleta é perigoso somente se você se meter a andar próximo do precipício, senão é como uma estrada qualquer. Para nós que somos trilheiros, e dos antigos, já passamos perigos maiores nas trilhas do que nesta estrada.


E viva "nóis" !

Descansando um pouco


 Mas como a estrada na sua maior parte possui uns 4-5 metros de largura entre o paredão e o precipício, então se viajar de ônibus ou caminhão, aí o bicho pega, ainda mais se estiver chovendo e cruzar com outro veículo. Nestas situações é que ocorriam a maioria dos acidentes. E não tinha como evitar, pois na época era a única estrada que tinha se quisesse ir de La Paz a Coroico. Não sei se faziam algum tipo de revezamento do tipo “de manhã só sobe na estrada e de tarde só desce...”, mas a verdade é que morria muita gente por lá, como podemos ver em alguns vídeos:



Buscando um pouco de aventura pela Estada da Morte...
Pelo trajeto há alguns espaços maiores para os veículos poderem se cruzar, senão seria impossível o tráfego. Mas a questão é que quem está descendo é que tem que ficar com lado “de fora”.
Se pudesse voltaria para lá para fazer o trajeto a pé (descendo, é claro), pois acho que seria mais interessante. Aí realmente daria para apreciar cada trecho da estrada em seus detalhes.

Quase no fim

Nico... cadê você, Nico ? 

Chegamos no topo e já encontramos uma turma de ciclistas que iam descer a estrada. Voltamos a La Paz pela estrada nova, de asfalto. 

No fim da subida (ou início da descida)
Atravessamos novamente a cidade a caminho de Desaguadero, torcendo para não faltar gasolina. Mas aí..., a uns 40 Km para chegar à fronteira, o Nico..., aliás, o pneu da moto do Nico, resolveu engolir um prego boliviano de 5 cm de comprimento. E aí ele foi "pro inferno pela 4º vez"... Se não fosse a altitude seria um inferno mesmo, pois estava um sol de rachar, mas o ar estava frio. Num momento de "viagem", no sentido figurado da palavra mesmo, ainda pensei em parar numa sombra para arrumar a moto, para se proteger do sol. Mas que sombra ? Nem árvore existe por lá. Um clima e paisagem de deserto reinava naquele local. Novamente usamos o spray para reparar câmeras, mas adivinha se funcionou ? Borracharia naquele deserto nem pensar. Então aproveitamos que o pneu estava ainda quente e trocamos lá mesmo a câmara do pneu por outra nova. 

Trocando a câmera
Moto do Nico aguardando o conserto do pneu
Mas faltava o principal: encher o pneu. Devíamos ter guardado o spray e usar ele para encher o pneu, que deve ser só para isso que serve. Então o Jackson e o Nico foram procurar alguém com um compressor, pois havia uma vila ali perto. Uns 20 minutos depois voltaram com o pneu cheio e um sorriso no rosto. Aliás, nesta viagem sempre convivemos muito bem com os problemas que apareceram, sempre mantendo o bom humor, o que é essencial numa viagem em grupo. Montamos a roda na moto e seguimos em frente. Hah, Bolívia, tinha que nos aprontar mais esta ?
Ah, mas tinha mais por vir. Um pouco antes de chegar à fronteira fomos parados em uma barreira policial. Entramos todos em uma sala onde tinha um policial numa mesa com um livro na mão. Simplesmente pediu os documentos de cada um, escreveu os dados no livro, carimbou nossos papéis de permanência na Bolívia, e... nos pediu $10 Bolivianos para cada um, de "propina" (como eles chamam a "gorjeta" deles). Bom, como $10 Bolivianos equivalem e uns R$ 1,50 reais, pagamos e fomos embora. Tchau Bolívia...
Chegando na fronteira da Bolívia com o Perú, em Desaguadero, novamente aquela burocracia. Fomos abastecer no lado do Perú, em Desaguadero mesmo. Como não pretendíamos dormir novamente naquela cidade, óbvio, seguimos em frente para rodar o que pudéssemos até escurecer. Seguimos em direção a Tacna, ainda no Perú. Passamos novamente pela cordilheira, chegando a 4.300 metros de altitude, onde passamos muito frio. Conseguimos chegar até a cidade de Moquegua, depois de 524 Km desde Coroico, enfrentando a Estrada da Morte, o trânsito de la Paz, 01 pneu furado, o frio da cordilheira e uma fronteira Bolívia/Perú. Estava bom para aquele dia e dormimos lá.

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